Imigrante boliviana afirma que foi bem acolhida pelo Brasil e não pretende retornar à Bolívia
Por Gabriela Galvês
Dona de seu próprio negócio, convívio com seus compatriotas e sem planos de voltar a seu país natal. É assim a vida de Alícia Flores, boliviana que está há 20 anos no Brasil e tem uma barraca na feira da Praça Kantuta, reduto de bolivianos em São Paulo.
Mas, como milhares de bolivianos que imigraram para cá sem qualificação profissional, Alícia passou por dificuldades e trabalhou muito tempo com costura. “Sai [propaganda] na televisão, periódico e jornal falando do trabalho para bolivianos com costura no Brasil. A costura acaba se tornando a única opção”, conta ao relembrar que, durante oito anos, chegou a passar 18 horas diárias costurando. Segundo ela, muitos bolivianos são procurados antes mesmo de chegar ao Brasil.
Sua barraca de especiarias e produtos tipicamente bolivianos exige a visita ao país natal. Alícia e o marido se revezam em constantes viagens à Bolívia para a compra das mercadorias. Mas, quando questionada se deseja voltar a morar lá, ela é clara: “Fui muito bem acolhida. Não quero voltar, aqui consigo encontrar os meus clientes, as minhas amigas. A minha vida agora é aqui”.
Os filhos se preocupam com a mãe e querem que ela se aposente. Mas, pegou gosto pela praça. “Meus filhos falam que é cansativo trabalhar aqui, mas pra mim, é uma terapia”, releva Alicia. Segundo a boliviana, seus compatriotas vêm para o Brasil porque não há trabalho na Bolívia. “Não tem fábricas lá e, o boliviano que tem dinheiro investe em outros países”.